Baixo investimento
governamental impede melhorias na educação, aponta Unesco
Os gastos governamentais com educação estão abaixo do necessário
para possibilitar melhorias no setor em diversos países, entre eles o Brasil. É
o que aponta o 11° Relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos,
divulgado nesta quarta-feira, 29 de janeiro, pela Organização das Nações Unidas
para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
O documento aponta, no Brasil, um investimento de 5,9% do Produto
Interno Bruto (PIB) em educação. Os dados apresentados no relatório são de
2011. Em tramitação no Congresso Nacionlal, o Plano Nacional de Educação (PNE)
define como meta o investimento de 10% do PIB para a área nos próximos dez
anos.
No percentual de investimento público em relação ao PIB, o Brasil
ocupa a décima colocação entre os Países da América Latina e o Caribe, ficando
atrás de países como Bolívia, Jamaica, Costa Rica e Argentina. Cuba está em
primeiro lugar, com um percentual de investimento de 13% em relação ao PIB.
“Esse é um ponto, precisamos ter mais recursos, o outro é que
precisamos ter uma boa gestão desses recursos, eles precisam ser geridos com
prioridade. É importante que sejam canalizados para a educação básica, que
precisa ser melhorada em vários países”, destaca a coordenadora de Educação da
Unesco no Brasil, Maria Rebeca Otero.
Por outro lado, a Unesco mostra que os gastos governamentais com
educação aumentaram na maioria das 164 nações que assumiram as metas do
compromisso Educação para Todos em 2000, subindo de 4,6% para 5,1% do PIB entre
1999 e 2011. O ideal, segundo o relatório, é que os países alocassem para
o setor pelo menos 6% do PIB.
Fontes privadas
Segundo o relatório, a tendência é que os recursos vindos de
fontes privadas tenham queda. A publicação registra que os doadores parecem
mais inclinados a reduzir do que a aumentar a ajuda nos próximos anos. E
acrescenta que a educação recebe apenas 1,4% do que é destinado à ajuda
humanitária.
O relatório destaca que, apesar dos avanços, nenhum dos seis
objetivos do Educação para Todos será conquistado globalmente até 2015, prazo
final estabelecido no acordo assinado em 2000. Entre eles estão a universalização
do ensino primário, a promoção das competências de aprendizagem e de vida para
jovens e adultos, a redução do analfabetismo em 50% e a melhoria da qualidade
da educação.
O pior resultado foi na meta de reduzir o analfabetismo entre
adultos. Apenas 29% dos países conseguiram cumprir o compromisso. A paridade de
gênero no primeiro nível do ensino secundário teve o melhor resultado – 70% dos
países alcançaram a meta.
Analfabetismo
Segundo o relatório, dez países respondem por 72% da população mundial
de analfabetos, entre eles o Brasil, a Índia, China e Etiópia. Dados de 2011
mostram que, no ranking dos dez países com o maior número de adultos
analfabetos, o Brasil ocupa a oitava posição.
No país, a taxa de analfabetismo entre pessoas com 15 anos ou mais
é 8,6%, totalizando 12,9 milhões de brasileiros, de acordo com dados da
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2011. Para cumprir o
compromisso assumido no Acordo de Dacar (Senegal), o Brasil deve chegar a 2015
com o índice de 6,7%.
Agência CNM, com informações da
Agência Brasil