sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Caged tem pior resultado em 10 anos


Brasília (AE) - Pela primeira vez em 10 anos, o Brasil viu um mês de julho bem fraco para o emprego com carteira assinada. O Ministério do Trabalho e Emprego informou ontem que foram criadas 41,5 mil vagas formais no mês passado, já descontadas as demissões do período. Até então, a pior marca havia sido em 2003, quando o saldo atingiu 37,2 mil postos. Incluindo as contratações enviadas pelas empresas ao governo fora do prazo, a geração naquela ocasião sobe para 57 mil. O resultado minguado, de queda de 77% na comparação com julho do ano passado, surpreendeu economistas do mercado financeiro, setores produtivos e até o governo, que não costuma dar o braço a torcer para a constatação do enfraquecimento da atividade. “O número não é ótimo. Ótimo seria criar 1 milhão de vagas”, declarou o ministro Manoel Dias, acrescentando que a situação brasileira é melhor do que lá fora. “O restante do mundo está pior do que nós.”


Fábio Rodrigues Pozzebom/ABrMinistro Manoel Dias atribui desaceleração a fatores externos

Dias disse não ter elementos para explicar o enfraquecimento no número de novas carteiras de trabalho assinadas em julho e comentou que a saída é “torcer” para que agosto apresente melhor desempenho. Ele também abandonou a projeção de criação de 1,4 milhão de empregos formais em 2013, apresentada até o mês passado. Nos primeiros sete meses do ano, o saldo ajustado está em 907 mil novas vagas, a menor marca para o período desde a crise de 2009.
“Nem eu nem ninguém tem condições de prever números do ano”, justificou o ministro, alegando que os economistas também projetavam um número maior de vagas em julho. De acordo com o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, a previsão média era de 100 mil novos postos.
O setor que mais ajudou a sustentar o resultado do mês passado foi a agricultura, com criação de 18,1 mil postos de trabalho. No setor de serviços, as contratações superaram as demissões em 11,2 mil vagas e, na construção civil, em 4,9 mil. No comércio, ainda houve expansão (1,5 mil), mas fraca em relação ao seu histórico. Na administração pública, houve estabilidade (55 novos postos), mas serviços industriais de utilidade pública (-1,3 mil) e extração mineral (-236 postos) sucumbiram e fecharam postos.
Para Manoel Dias, os números do emprego estão de acordo com outras taxas da economia. “Não fiquei desapontado, porque nossa realidade é de um PIB de 1% ou 2%. Não é um número que eu gostaria de divulgar, mas é o que temos com um PIB de 1% ou 2%”, considerou no início da entrevista ontem.
Momentos depois, questionado sobre os porcentuais, pois oficialmente o governo trabalha com taxas maiores, Dias disse que “havia lido” sobre essas projeções, mas que valiam ainda os números apresentados pelo Ministério da Fazenda, que espera 3% de crescimento, e o Banco Central, que estima expansão de 2,7%. “Quem sou eu para divergir do governo? A Fazenda é que fala sobre isso”, afirmou. Outra mudança de opinião do ministro no encontro com a imprensa foi a avaliação do resultado em si. Depois de falar algumas vezes que o saldo pífio de julho não preocupava o governo, adotou uma nova versão. “Preocupante sempre é, na medida em que você quer cada vez mais crescer, mas o resultado representa o momento da economia que estamos vivendo.”


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