sexta-feira, 20 de setembro de 2013

O FIM DA AGONIZANTE RELAÇÃO PSB/PT.


A decisão de deixar o governo começou a amadurecer há dois meses, em São Paulo. Na quarta-feira (18), na reunião em que Eduardo Campos oficializou o fim da aliança, Dilma teria passado a maior parte do tempo “falando de Síria e Obama”.
A decisão do PSB de deixar o governo após mais de 10 anos de parceria com o PT não surgiu da noite para o dia. A relação sofre desgaste contínuo desde que começou a se especular a candidatura presidencial do governador de Pernambuco, e presidente da legenda,Eduardo Campos, no ano que vem. Mas foi há dois meses, em uma reunião em São Paulo, que a decisão ganhou corpo. O diretório paulista, em um encontro que reuniu centenas de delegados do partido, firmou posição pela saída do governo em setembro e, como o eleitorado paulista corresponde a 20% do nacional e já havia grande pré-disposição da bancada federal em rachar a aliança com o PT, a saída tornou-se questão de tempo.

Na semana passada, terminou de amadurecer. Segundo os socialistas, a presidente Dilma Rousseff passou a adotar um tom mais “agressivo”. O principal ministro socialista, Fernando Bezerra, da Integração Nacional, recebeu uma ligação de seu colega, o ministro da Educação, Aloísio Mercadante, “meio que dando um ultimato”, segundo um membro da executiva nacional. Então, Bezerra disse a Campos que não havia mais condições de permanecer no Governo, pois a situação estava ficando “muito constrangedora”. Essa situação, aliada a forma como os governadores do PSB estavam sendo tratados nos últimos meses, com “muitas brincadeirinhas” por parte do PT, foi decisiva para que o partido optasse pelo racha. “Ela (Dilma) não tem noção. Se fosse o Lula, ia ter passado um pano na história, enrolado, mas ela não sabe fazer. Botar pernambucano e gaúcho na parede não é muito inteligente”, disse o membro da executiva.
Segundo os socialistas, durante a conversa com Campos, ontem à tarde, a presidente Dilma teria adotado uma postura, no mínimo, exótica. Ao invés de focar no cenário político, ela teria passado a maior parte do tempo “falando de Síria e Obama”. Segundo os correligionários de Campos, não havia um deputado na Câmara que acreditasse, até a semana passada, que o PSB efetivamente deixaria o Governo. “A repercussão foi ótima. As pessoas não estão acostumadas a ver gente dizer não para cargos. Para quem tinha dúvida que Eduardo é candidato, a dúvida não existe mais”, disse um socialista.
As maiores resistências dentro do partido, em deixar o governo, sempre vieram dos irmãos Ferreira Gomes, Cid e Ciro, e do governador capixaba, Renato Casagrande. De Ciro, na reunião que oficializou a posição do partido, se esperava alguma “espanadinha”, que só viria no final da reunião. Alguns socialistas acreditam que ele e Cid sairão do partido, outros crêem que com o tempo eles se acomodarão, já que a reação à decisão foi mais tranqüila do que se imaginava. Casagrande não participou pessoalmente da reunião final, mas foi avisado por telefone. Mencionou que sua aliança estadual inclui o PT, e que isso não tende a mudar. No Espírito Santo, a tendência é um palanque duplo PT/PSB.
Se há um diretório que comemora em especial a decisão da cúpula nacional é, sem dúvidas, o paulista. O PSB do estado apóia o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o deputado federal Márcio França (PSB), presidente estadual do partido, é cotado para ser seu vice no ano que vem. França acredita que o sonho de Alckmin é atrair o PMDB e dar o cargo de vice para o partido, mas acha a hipótese praticamente inviável, já que Paulo Skaf (PMDB) trabalha diuturnamente para ser candidato ao Palácio dos Bandeirantes e o vice-presidente Michel Temer não teria condições de explicar ao PT que, no maior estado do país, o partido apoiaria o PSDB. Assim, França acredita que suas chances de ser vice são grandes, o que faria com que a candidatura de Alckmin se tornasse um palanque duplo para presidenciáveis. Tanto o senador Aécio Neves, pré-candidato tucano, quando Eduardo Campos teriam como base em São Paulo a chapa PSDB/PSB.

Fonte: Leopoldo Matheus/Época
Foto: Elza Fiúza/ABr


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