domingo, 26 de janeiro de 2014

José Agripino: ‘A convenção do partido vai definir candidatura própria ou aliança, nas eleições deste ano no RN




O senador e presidente nacional do Democratas, José Agripino Maia, esteve em Tibau na última quinta-feira, 23, para um almoço de cortesia na casa de praia do casal deputado Leonardo Nogueira (DEM)/ex-prefeita Fafá Rosado (PMDB).
Com tempo para uma conversa longa com o jornalista Jotta Paiva, do JORNAL DE FATO, e enviado para gravar o “Cafezinho com César Santos”.
Em entrevista, Agripino  falou sobre a situação da governadora Rosalba Ciarlini, das decisões do DEM com relação à eleição estadual de 2014 e sobre a questão da prefeita afastada Cláudia Regina.
Se a governadora viabilizar sua candidatura à reeleição, o DEM lhe dará legenda?
JOSÉ AGRIPINO – Democratas que é? É a governadora Rosalba, é o senador Agripino, é o deputado Felipe, o deputado Getúlio, o deputado José Adécio, o deputado Leonardo Nogueira, são os prefeitos; eles é quem vão responder, não sou eu. Quem vai responder a essa pergunta é o interesse do partido que vai se reunir na hora certa para, em função dos seus objetivos, definir qual vai ser o destino do partido: se vai ser candidatura própria ou se vai ser aliança com outros partidos. A exemplo do que vai acontecer no plano nacional. A mesma coisa: o que vai acontecer no plano nacional vai ocorrer no plano estadual. Quem vai falar pelo partido não é o presidente do partido. O presidente do partido será uma voz no meio de várias que vão se manifestar. E qual é o fórum próprio para definir isso, nacional e estadual.

E O que dizem as vozes do DEM?
NÃO dizem nada, não foram consultadas ainda! Nem extraoficialmente, porque quem poderia fazer esta consulta poderia ser o presidente; o presidente do partido ainda não fez, porque não chegou a hora, nem no plano nacional nem no plano estadual, até porque eu acho que tudo tem de ser feito na hora oportuna.

QUAL a sua avaliação do governo Rosalba Ciarlini?
É UM governo de grandes dificuldades, que tem tido muitos problemas. É um governo muito obstinado por servir. Em minha opinião é um governo de bom padrão ético e que encontrou uma herança no campo das despesas compulsórias estabelecidas; encontrou contas a pagar e contas com o compromisso de ordem dos servidores dos quais ela não conseguiu se livrar. Então, isso comprometeu o desempenho do dia a dia do governo. Agora, é um governo que do meio pro fim – nós estamos perto do final – conseguiu montar uma série de programas que apontam para uma retomada do crescimento do Estado. Esse programa do Banco Mundial, do Pró-Transporte, uma série de programas. Então é um governo que enfrentou e enfrenta grandes dificuldades, mas que conseguiu aprovar projetos que apontam para um futuro melhor.

ESSAS dificuldades iniciais prejudicaram o governo?
BASTA você ver os fatos. Ninguém atrasa pagamento pessoal por desejo. Infelizmente, ela foi obrigada a pagar com atraso uma parcela do funcionalismo, porque a diferença entre a receita e a despesa levou ao atraso do pagamento. Então, por maior que tenha sido o aumento da arrecadação, as despesas foram tão grandes por nada que ela tenha feito, mas pela herança que ela encontrou, que mesmo com o aumento da arrecadação ela não teve como honrar os compromissos do dia a dia do governo.

A GOVERNADORA vive o seu melhor momento, pelo menos na parte de infraestrutura, porque está executando obras importantes, como a barragem de Oiticica, o Aeroporto Internacional de São Gonçalo do Amarante, Complexo da Abolição em Mossoró, estrada de Tibau e a Arena das Dunas, que foi entregue dentro do prazo combinado. Com tudo isso, que nota o senhor dá ao governo Rosalba?
É CEDO. E eu acho que daqui para maio, junho, a gente pode dar uma nota ao governo de Rosalba. Se você me perguntar se eu acho que Rosalba é uma mulher de valor, uma mulher com determinação, uma administradora que honrou os quadros do partido enquanto foi prefeita de Mossoró, enquanto foi senadora, eu respondo: sim. Está enfrentando dificuldade como governadora? Sim. Qual é a nota que eu vou vai dar? Vamos dar mais um tempinho para ela; vamos ver se ela consegue realizar alguma coisa daquilo que começa a realizar daqui para maio e junho.

SE O que o senhor diz não for realizado, ela está credenciada à reeleição?
QUALQUER brasileiro está credenciado. Agora, entre estar credenciado e ter condições de ganhar a eleição há uma diferença, isso para qualquer um.

O SENHOR tem orientado a administração estadual?
NÃO. A minha última ajuda foi na aprovação em tempo recorde do empréstimo do Banco Mundial. Sempre que solicitado, eu ajudo no meu limite. A minha relação com a governadora é uma relação boa, respeitosa e de torcida permanente.

COMO o senhor avalia o que está acontecendo na Justiça com relação à governadora Rosalba Ciarlini e à prefeita de Mossoró, Cláudia Regina?
ELAS foram afastadas por razões que estão em discussão e não estão envolvidas com malversação do dinheiro público. Esses processos estão em julgamento, em apreciação, com oportunidade de prova e contraprova serem apresentadas, e não envolvem o uso do recurso público indevido por parte nem da governadora nem da prefeita no uso de suas atribuições. Esse processo está em curso. Quando a gente chegar ao final desse processo, a gente vai ver quem é que tinha razão.

E QUAL a sua expectativa com relação ao retorno da prefeita Cláudia Regina ao comando do Executivo de Mossoró?
DE QUE ela vai retornar ao cargo. A minha expectativa é de que Cláudia Regina vai retornar ao cargo.

O DEM errou em algum momento ou poderia contribuir mais com a situação da governadora Rosalba Ciarlini e da prefeita Cláudia Regina?
EU NÃO posso me penitenciar de omissão em momento nenhum, nem com relação a Rosalba nem com relação a Cláudia Regina.

NOS bastidores da política, escuta-se que o senhor tem buscado uma aliança com o PMDB para salvaguardar o mandato de seu filho, o deputado federal Felipe Maia. Vocês precisam disso?
SE VOCÊ me perguntar se é fácil alguém se eleger como candidato só do seu partido, eu vou dizer que na história política do Rio Grande do Norte não se registra a disputa de candidaturas a proporcional de um partido de um candidato só. Eu não conheço ninguém dos últimos 20 anos que tenha disputado no campo proporcional a eleição pelo seu partido sem coligação com ninguém. Não conheço! Então, o normal é a realização de alianças. É o normal e é o que vai se buscar. Aliança que interessa a todos os atuais deputados federais e aos pretensos candidatos a deputado federal. Agora, colocar isso como uma exceção, ou como uma busca de viabilização da candidatura do deputado Felipe, eu acho que é, no mínimo, uma distorção em relação à sequência dos fatos. Observe 20 anos de sequência para ver se alguém do Rio Grande do Norte disputou eleição só com a sua legenda, se em todas as eleições não foram feitas alianças e coligações em que os votos se somaram obedecendo o que a Legislação Eleitoral preconiza.

O DEM poderá fechar coligação com o PMDB em nível proporcional?
CLARO que sim, com o PMDB e outros partidos. Não fez aliança com outros partidos na última eleição? Na última eleição em que Rosalba foi candidata a senadora, ou candidata a governadora, não houve uma aliança oficial ou não oficial com o PMDB? Então não há nenhum fato anormal. A minha relação com Garibaldi é uma relação antiga, disputamos a eleição juntos, fomos eleitos juntos; a minha relação com o deputado Henrique, em nome dos interesses do Rio Grande do Norte, é uma relação robusta. Eu não tenho nenhuma linha de conflito com o PMDB que pudesse me impedir de dizer que o partido estaria, em princípio, habilitado a uma aliança, também, com o PMDB.

ESSE entendimento pode evoluir para uma coligação majoritária, no caso o DEM apoiando um candidato do PMDB?
ESSA decisão vai ficar a cargo do partido, que vai se manifestar na hora certa. A convenção do partido: nacional, estadual, vai definir os caminhos: candidatura própria ou aliança. Quem preside um partido, se começar a dar declarações, vai pautar ou vai orientar definições, coisa que eu não farei. A minha tarefa será a de ouvir e, em ouvindo, sintonizar a vontade da maioria.

COM que frequência o senhor tem conversado com o senador Garibaldi Filho (PMDB) e o deputado Henrique Alves (PMDB)?
SEMPRE que preciso, sempre que necessário.

SENADOR, ao prestar solidariedade à ex-governadora Wilma de Faria (PSB) quando da condenação de seu filho e ex-chefe da Casa Civil em seu governo, Lauro Maia, a 16 anos de prisão por causa da Operação Hígia, o senhor não abriu precedente com relação aos mensaleiros?
WILMA foi casada com Lavoisier, eu tenho uma relação familiar, eu vi os filhos de Wilma crescerem juntos com os meus filhos e, ao lado da questão política, existe a questão pessoal envolvida. O meu telefonema para Wilma foi para dar solidariedade a ela e a ele. Ninguém comentou que eu liguei para Lavoisier; só para Wilma. Para dar aos dois: ao pai e a mãe, solidariedade em torno de um fato profundamente desagradável a um rapaz que eu vi crescer.

ESSA solidariedade sinaliza alguma aliança?
NÃO tem conotação política nenhuma. Foi um gesto de solidariedade ao pai e à mãe.

O FATO de o PSB ter rompido com o governo do PT em nível nacional abre essa possibilidade?
NÃO. Não significa nada. São fatos. O PSB tem um candidato de oposição, que é Eduardo Campos, e o PSDB tem um candidato de oposição, que é Aécio Neves. O Democratas vai decidir ainda qual vai ser sua posição no plano federal. Se você me perguntar: esse fato estabelece linhas paralelas ou de convergência? Com absoluta certeza, em havendo segundo turno, o PSB, o Democratas, o PSDB e o PPS estarão juntos, inevitavelmente.

NA REFORMA administrativa da governadora Rosalba, o secretário e ex-prefeito de Pau dos Ferros Leonardo Rego deve se desincompatibilizar para ficar à disposição para eventual candidatura. O senhor, como presidente do DEM, tem sido avisado dessas decisões?
EM NADA. Em absolutamente nada. Estou sabendo por você que ele vai deixar a Secretaria (de Meio Ambiente e Recursos Hídricos). Pode até ser que ele deixe, eu não sei, mas ele não me disse. O ex-prefeito Leonardo foi indicado no momento como um dos três nomes que o PR e o PMDB indicaram, e a indicação de Leonardo Rego surgiu de uma lembrança – e ele pode confirmar – do deputado Henrique Eduardo Alves. Sem ele ser do PMDB. Então, ele foi indicado por um consenso de partidos que num dado momento, para ajudar ao governo, ofereceram a sugestão à governadora, que cabe a ela aceitar ou não a sugestão de bons nomes para as secretarias. É isso. Ele não foi uma indicação do Democratas, não foi um nome que o partido tivesse indicado, não; foram vários partidos que num dado momento fizeram uma indicação coletiva de bons nomes, dentre esses nomes estava o do ex-prefeito Leonardo Rego, que foi uma lembrança do deputado Henrique Eduardo Alves, que está aí vivo, o que estou dizendo a vocês.

COMO o senhor avalia a saída do deputado Betinho Rosado?
EU LAMENTO muito que ele tenha saído do partido, mas agora é decisão que caminha no âmbito da Justiça, no Tribunal Superior Eleitoral. O Ministério Público, em relação a todos os casos de parlamentares que tenham deixado o partido, independente de o partido Democratas reivindicar ou não, o próprio Ministério Público leva ao TSE o cumprimento da lei, daquilo que preceitua a lei, e não vai ser exceção o caso do deputado Betinho.

A SAÍDA da ex-prefeita Fafá Rosado, então, causou desconforto ao partido?

ELA não tem mandato e ela tem o direito, sem sanção nenhuma, de tomar a iniciativa ou o rumo político que melhor convier a ela própria. Ela, que já foi do próprio PMDB. Ela contou com a minha compreensão. O deputado Leonardo esteve comigo, a ex-prefeita Fafá esteve comigo, então eu não fui tomado de surpresa, eles ponderaram, fizeram suas avaliações e contaram com a minha compreensão.

Jornal de Fato

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